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Fortkamp´s Other Tales From Bravemen Land

Segue resenha que fiz para o lançamento do segundo CD do genial cantor e compositor Alexandre Fortkamp. Disponível para venda direta com o próprio.

Other Tales From Bravemen Land não se inicia com uma peça em 3 movimentos de inspiração clássica como seu antecessor, o que aponta quão diverso é o rumo desse novo trabalho. Apresentando músicas mais longas e mais ousadas, transitando em estilos díspares sem perda da visão de conjunto, Fortkamp conta com seus fiéis escudeiros e com a chegada de novos colaboradores como o guitarrista Eduardo Pimentel e o baixista Luiz Pauli.

A obra começa com um petardo em forma de canção, No More Death And No More Cry, em que se conhece o mais bravos dos homens bravos, o guerreiro extenuado de batalhas Zolthan e seu desejo de paz. O solo de cravo é uma das muitas atrações da magnífica orquestração que aparece na metade da música. A pungência dos coros de vozes deixa Morricone feliz da vida por ser um bom exemplo.

Na linha power metal melódico, que tão bem caracteriza o músico mas não o restringe, há ainda There´s No Enemy, com seus tappings de baixo e bumbo duplo aliados aos riffs poderosos e Take Your Sword, cuja inventividade num gênero tão propalado garante um lugar de destaque no panteão de ouro da história do metal.

Para brindar o ouvinte com You Can Catch The Rainbow Fortkamp mergulha fundo em suas influências setentistas mais caras sem deixar de trazer algo único com suas características à tona. O refrão é um daqueles de uma frase só que pegam em cheio na mente, não saem e nem se espera que saiam.

Flyer bird começa com guitarra e baixo se complementando temperados por repiques de cimbais. Aos 4 minutos os outros instrumentos entram para que se embarque nas asas desse pássaro mitológico que povoa a imaginação de Fortkamp. Esse é a primeira peça instrumental de Other Tales, com seus 11 minutos que passam sem que se perceba dada a riqueza do ritmo e das linhas de guitarras que por vezes se dobram e se desafiam.

A segunda menor e também instrumental é Beyond The Skyline com apenas 2 minutos e 11 segundos. Com a participação do contratenor brasileiro Alírio Netto, requisitado solista na Broadway mexicana, Fortkamp mostra seu versátil talento vocal sobre um arranjo de cordas fantasmagórico.

O piano expressivo de Dancing In The Moonlight fornece tudo o que o compositor necessita para acompanhá-lo nessa sublime espera pela chegada de sua adorada para uma dança ao luar. O amplo domínio da língua inglesa nas letras é evidenciado pelo uso de um raro sinônimo para talvez. Apenas um bardo de alta estirpe utilizaria mayhap em seus versos.

O fato marcante de Prelude To Fantasy é diversificação do repertório de instrumentos ao usar pela primeira vez um MOOG, o mí(s)tico sintetizador do inventor de mesmo nome e um alaúde oriental, um parente próximo do okotô, que introduz a linha melódica que vai em crescendo até a climática entrada do Moog sugerindo levemente o que está por vir na Fantasia propriamente dita.

Reeditando uma parceria de sucesso do primeiro disco a soprano Claudia Todorov dá o ar de sua graça na intro e na cantata de Fantasy In Bravemen Land, a composição mais longa de Fortkamp que fecha com todas as honrarias Other Tales. Clara virada na orientação musical para os trabalhos vindouros, surpreenderá alguns, talvez os mais incautos e de mente fechada. Sim, porque se sabe que da fértil imaginação do compositor pode-se esperar nada menos que o novo e o extraordinário.

A inspiração bluseira que há nele aflora aqui nas guitarras e são tantos os climas e andamentos para narrar o esforço de Zolthan pelo fim das lutas que uma primeira audição não revela todos os detalhes de produção. A vibração mais funky que Fantasy adquire por volta dos 14 minutos é mais uma faceta nunca antes mostrada e que encerra o CD brilhantemente.

A capa deste segundo trabalho é fantástica não apenas pelos atributos das mulheres ali retratadas mas pela facilidade com que serve de referência visual à paisagem musical dessa terra em que habitam personagens fantásticos. O restante da parte gráfica também é impecável com sua galeria de fotos do artista posando com peças do seu arsenal musical nas batalhas dos Bravos Homens.

A produção como era de se esperar resulta numa qualidade primorosa. O resenhista teve a oportunidade de conviver com as composições em diversos estágios desde sua criação até o pré-mix. O resultado final confirma toda a genialidade de Fortkamp e a imensa devoção que tem em relatar a épica saga de eras medievais. Resta torcer para que o próximo CD venha o quanto antes, já que algumas idéias musicais estão prontas, dependendo somente da disponibilidade de horário de estúdio.

Escrito, produzido e dirigido porLeandróide às 10:52:00 PM  

2 comentários:

Anônimo disse... sexta-feira, dezembro 01, 2006 2:31:00 PM  

Leandro Andrade, o cineasta escritor!!!

Grande texto, cara! Mostra que você conhece mesmo de música!
Chega de AMADORES!!!
Parabéns por ter interpretado tão bem a obra, camarada!
Um abração!

ALEXANDRE FORTKAMP

Anônimo disse... domingo, dezembro 03, 2006 9:16:00 PM  

Parabéns pela resenha Leandro Andrade. Realmente diz muito sobre a obra. Confesso que não saberia escrever um texto com tantas informações técnicas sobre estilos musicais e afins, mas digo que as composições do Fortkamp são tão bem elaboradas que só é preciso ter um coração para sentir todas as emoções e sentimentos que esse genial compositor proclama em suas letras. Pois com o amplo conhecimento musical que ele possui, sabe unir muitos estilos em um único estilo que chamo de "Fortkamp's Stile".
O cara é bom e sabe inovar sem deixar de lado as suas principais características, uma bem marcante é aquela guitarra com eco presente na musica 04 - You Can Catch The Rainbow por exemplo, e aquela guitarra destorcida no inicio da musica 03 Take Your Swords.
Mais uma vez meus parabéns Fortkamp, continue assim! Produzindo ótimas musicas pois como diria o Arthur da Távola: “Música é vida interior. E quem tem vida interior nunca padece de solidão".
um abraço,

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