Rádio

A reabertura do TAC

Tinha recebido um convite ultrapersonalíssimo, eu e mais uns 50 endereços de email, a maior parte metidos com arte, principalmente cinema como eu, para prestigiar a cerimônia de reabertura do TAC, o venerando e secular Teatro Álvaro de Carvalho.

O TAC é um teatro velho de Florianópolis onde eu assistia espetáculos produzidos pelo antológico Valdir Dutra, que ainda encena clássicos dos contos da carochinha. Mais de uma vez vi o lobo, o mesmo de Pedro e o Lobo, Chapeuzinho Vermelho e os 3 Porquinhos, ser morto pelo caçador. Eu torcia pelo lobo e ele sempre perdia, numa repetição ad infinitum do bem triunfando sobre o mal.

O teatro estava fechado para reformas desde dezembro de 99. A última vez que tinha ido lá foi pelos idos de 97 para ver a banda de um amigo meu tocar com um convidado ilustríssimo, o ser pansexual chamado Sergei, aquele que Janis comeu na sua visita pelo Brasil na loucura generalizada que foi a década de 60. Nem me recordava que o lugar era tão pequeno.

Quando cheguei na frente do TAC procurei alguém conhecido. Encontrei dois grupos que conhecia bem. Um era o Zeca e sua fiel escudeira Maria Emilia, pobres cineastas como eu. A Maria Emilia nunca relaxa, muito séria, o que não tem nada de errado mas ela sempre quer levar as coisas ao pé da letra. Por isso preferi me unir ao Ângelo Sganzerla, cineasta também, e sua esposa e mais um outro ator-médico, que participou de um curta que fiz milênios atrás.

Entramos, o lugar não estava cheio, e em seguida o pianista escalado para tocar começou com uma bobajada romântica, provavelmente Rachthmaninoff. Odeio os românticos, o único que escapa da turma é o Beethoven.Tchaikovsky é outro que apela e tem meu mais sincero repúdio.

Uma velharada responsa marcou presença, principalmente um dos atores mais velhos de SC, que deve ter participado da peça inaugural em 1875. O que eu queria era poder dar um tapa na careca do governador e fazê-lo tirar a minha pele da pindaíba. A ocasião era festiva e se eu tivesse de terno e gravata talvez me atrevesse.

3 candidatos a prefeito de Florianópolis estavam lá. Um deles por ser do partido do governador ocupou a mesa de honra. Até o picareta que tinha sido prefeito da cidade vizinha e que jurava contar com grandes chances de vitória, chegando um pouco atrasado. Às vezes esses tipos forçam a barra.

O último da mesa a falar era o excelentíssimo. Já ouvi cada gafe atribuída a ele que tinha que estar lá para testemunhar qual seria a mais nova no anedotário. Ele não fez feio até. Apelou como sempre, se atrapalhou com as palavras e provou que adora Florianópolis. Podemos assim respirar aliviados. Não é verdade o boato de que ele queria passar um projeto renomeando a nossa bela cidade para Joinville-sur-Mer.

As autoridades deviam estar com fome, foram breves e na seqüência o mestre de cerimônias, Marcelo Perna, um ator amigo meu, reapresentou o pianista e nos ilustrava dizendo qual era o autor e a peça que ele executaria. O pianista recomeçou com Chopin, passou por Villa-Lobos, chegando até um compositor erudito catarinense e terminando com um troço vibrante do Lourenço Fernandes.

Pensei que o governador tinha se escapado à francesa mas ele estava ainda na platéia conferindo a performance do pianista. Eu sabia que com isso o Ângelo aproveitaria para fazer a sua jogada.
Quando LH, de saída, passou perto da gente recebendo apertos de mão de todos, Ângelo aproveita um abraço e recomenda no ouvido do governador que este leia umas declarações suas a respeito da importância do cinema catarinense.

Se eu aproveitei a proximidade e sapequei um pescotapa no governador? Sorry, me limitei a apertar a mão do homem e fui embora. Se a carreira do Sganzerla como realizador não vingasse, ele bem que podia se aventurar pela política. Diferente de mim tem todo o jeito para a coisa.

Escrito, produzido e dirigido porLeandróide às 1:10:00 PM 0 comentários  

Happy Birthday Mr. President

Norma Jean, aka Marilyn Monroe, era linda de morrer e morreu linda, apesar da overdose providenciada pela máfia querendo intimidar os Kennedy, por uma suposta traição a um pacto de não-agressão mútuo. Eles próprios também deitaram, vítimas dos mesmos mafiosos.

Inaugurou a Playboy americana, foi amante de tipos foderosos e se casou milhares de vezes com caras tão diversos entre si. Desde um jogador do esporte mais chato do mundo, o beisebol, até um intelectual brocha. Parece que não foi feliz com nenhum.

No seu melhor filme, talvez um dos melhores do mundo segundo as listas de revistas especializadas, numa das falas ela admitia que não era brilhante. Nem precisava ser.

Vai-se a mulher, fica o mito. Essa e outras platitudes se aplicam bem ao seu caso. Nem me lembro porque comecei a escrever isso. Talvez sua voz sensual cantando “My heart belongs to daddy” tenha me enfeitiçado e me inspirado a homenageá-la nesse espaço ao invés de no banheiro.

Crianças, aconselho correrem atrás da filmografia dela, apesar de tudo o que se disse, MM era uma boa atriz.

Escrito, produzido e dirigido porLeandróide às 4:14:00 PM 0 comentários