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Mangia che ti fa bene

Acabei de ler um livro sobre os fracassos e bagunças de grandes chefs em seus ambientes de trabalho. Além de morrer de rir de alguns dos casos, fiquei com fome o tempo todo com as descrições dos pratos, até aqueles que continham foie gras. Às vezes se fica com a impressão de que só a gente faz cagada nessa vida e que um lugar que não se pode, ou não se deveria errar, é na cozinha. É fácil perceber quando eles erram, dá pra dizer isso pelo band-aid que vem no seu bife a cavalo.

Quase todas as histórias são auto-congratulatórias no fim das contas, mostrando como os gênios em fase de aprendizado ou como recém-proprietários de seus restaurantes deram a volta por cima de saias justas que geralmente envolviam a falta de experiência, ausência ou destruição de um ingrediente ou prato importante da refeição.

A que se sobressai no quesito humilhação, e não entendo como que alguém compartilha isso com estranhos, é a do Jamie Oliver, aquele com jeito de roqueiro inglês, que conta como um faxineiro vítima de sua verve sarcástica (Jamie Oliver era um praticante convicto de mooning, o ato de expor o traseiro pros outros) vai à forra penetrando-o com uns 7 cm do cabo de vassoura. Lendo assim parece meio frio, mas acho que depois disso o faxineiro continuou ligando, escrevendo, enfim mandando notícias.

Já a mais nojenta foi uma de duas amigas californianas que abriram seu restaurante nos anos 80. Imagino se elas admitem isso, que segredos não ocultarão outras cozinhas menos conceituadas por aí. Elas iam expor um prato de sua autoria numa feira ou algo assim e colocaram todos os ingredientes em embalagens plásticas e transportaram no carro detonado de uma delas.

Numa freada brusca já em cima da hora de chegar no local de exibição e aprontar o prato, o caldo entorna literalmente. O molho, muitos litros de molho, se esparrama no chão muito nojento do carro e sem tempo para providenciar um novo lote, elas decidem juntar tudo o que pudessem desde que estivesse a uma certa distância do piso.

Devem ser partidárias da teoria dos 5 segundos a qual reza que se a comida cai no chão e é juntada em menos de 5 segundos não teve tempo suficiente para ficar realmente suja.

Para disfarçar qualquer sujeirinha, maliciosamente aspergiram um pouco de pimenta em cima da berinjela frita com concassé de tomate e hollandaise, criando uma variante do prato. Essa foi de longe uma das mais engraçadas e também preocupantes.

Tudo isso para dizer que finalmente encontrei minha vocação. Vou aprender a cozinhar, já que churrasco não chega a contar como desafio, uma vez que está no DNA de qualquer gaúcho. Até um de meia tigela como eu. Meu estrogonofe já causa alguma sensação por onde passa, o que me diz que estou no trilho certo e assim que abrir meu próprio restaurante envio o convite da noite de abertura para vocês. Não precisa levar a carteira. Vai ser de grátis.

Escrito, produzido e dirigido porLeandróide às 2:44:00 PM  

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