Rádio

Post it black

Parando para ouvir pela primeira vez os Rolling Stones, daí o trocadilho do título sem relação com o conteúdo, vasculho o que escrevi tempos atrás pra alimentar o blogue. Qual não foi minha surpresa ao constatar que não havia muito que prestasse ou que resistisse à prova do tempo. Nem tudo é baboseira total, algumas coisas tiveram os seus momentos. Outras, no entanto, são autobiográficas demais e eram o máximo que na época conseguia chegar no esforço de exorcizar demônios. Vivia isolado, não acreditava em relacionamentos, ainda não acredito fundamentalmente mas pelo menos nutro esperanças. De bom posso dizer que se não me identifico com aquilo tudo, isso significa que mudei. O que já é um avanço.

Talvez por essa razão não tenha me esforçado para ter um blog de verdade do tipo mil visitas por dia, engraçadinho ou não, com comentários sociais, sobre política e outros assuntos sérios que acabam não me fazendo a cabeça. Acho que sou centrado em mim mesmo demais para produzir muita ressonância a um público maior. E não devo estar errado, quanta gente mais desinteressante do que eu conheci e por educação sou obrigado a escutar narrações de episódios de suas vidas com artificial entusiasmo. E quando meu interlocutor descobre o que faço para viver, vários não se furtam em repetir o mantra mais manjado “a minha vida dá um filme”. Se ganhasse 10 centavos, para não ser ganancioso, a cada vez que ouvi essa frase, já tinha o suficiente para comprar o YouTube.

Essa coisa de o capitalismo é um veneno e que o sistema político que vivemos é uma merda e isso tudo impede uma melhor distribuição de renda é macroeconomia demais para minha cabeça. Quando sinto o vácuo no meu bolso, eu culpo a mim mesmo não o Estado. Acho que se não fizer por mim mesmo não vai ser o governo que vai resolver. Isso não quer dizer que seja socialmente insensível. É que tenho milhares de questões pra resolver comigo antes, então propor soluções para os problemas do mundo não é algo que se deve esperar de mim. Pra isso Deus colocou os Bonos e os Renatos Aragões no mundo.

Realmente acontecem coisas dignas de nota na minha breve existência até o momento. Algumas nem me lembro mais, mas não quer dizer que foram descartáveis, é que o HD está lotado e a memória RAM não anda lá essas coisas. Eu diria sem sombra de dúvida que a MINHA vida dá um filme. Com algum galã de novela, desses com mais credibilidade artística (exigência minha), representando o meu papel. Qual é a graça de ter um Walter Ego se ele é pior do que eu sou? Se não puder resolver a tudo que me propus nessa vidinha: merdas homéricas que fiz para familiares e ex-namoradas, propostas que recusei ou aceitei e me estrepei, quero ter a chance de pelo menos me proporcionar um momento de catarse na tela por meio dos personagens e situações. Um filme nada mais é do que diversão com um roteiro interessante, alguma mensagem louvável a ser transmetida e o mais bem tecnicamente acabado quanto possível e não deixe que nenhum Drogma 95 te diga o contrário.

Para resumir tudo, estou em luta comigo mesmo. Porque a briga não é contra o cara que tem um pau maior que o meu (isso no ecziste, como diria o Pe. Quevedo) e se acha por esse motivo, nem contra a tiazinha que me olha atravessado no elevador. Será o combate do século e minha expectativa é sair o menos machucado possível desse confronto, esperando não ter que apelar para golpes abaixo da linha da cintura para ganhar de mim mesmo. Só não acrescento que Deus me ajude porque dado o meu retrospecto nesse departamento, nego ia achar que estou sendo irônico.

Escrito, produzido e dirigido porLeandróide às 6:15:00 PM  

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