Rádio

Micro-conto com cara de poesia I

O carro não pegava de jeito nenhum,
por mais que girasse com força
a chave na ignição
e bombeasse como louca
o pedal embaixo da direção,
o carro não pegaria de jeito nenhum.

Kátia, naquela estrada, sozinha,
podia apenas esperar
que a bateria do celular
agüentasse por mais tempo
por ora essa seria a solução
pelo menos até que pudesse ligar
para seu primo em Francisco Beltrão.

Merda, exclamou
para si mesma
na madrugada fria de junho
ao constatar o sinal fraco
para efetuar a chamada de emergência.
Alguns incas peruanos apareceram
e a tomaram por uma deusa qualquer
de seu intrincado sistema de crenças.

Não era esse o tipo
de salvação que ela esperava,
entretanto ser adulada,
cortejada e presenciar
holocaustos em sua homenagem
era melhor do que ser costureira escrava em Taiwan,
trabalhar em telemarketing
ou ter um punhado de contas atrasadas.

Escrito, produzido e dirigido porLeandróide às 9:07:00 PM  

0 comentários:

Postar um comentário