Rádio

Micro-conto com cara de poesia I

O carro não pegava de jeito nenhum,
por mais que girasse com força
a chave na ignição
e bombeasse como louca
o pedal embaixo da direção,
o carro não pegaria de jeito nenhum.

Kátia, naquela estrada, sozinha,
podia apenas esperar
que a bateria do celular
agüentasse por mais tempo
por ora essa seria a solução
pelo menos até que pudesse ligar
para seu primo em Francisco Beltrão.

Merda, exclamou
para si mesma
na madrugada fria de junho
ao constatar o sinal fraco
para efetuar a chamada de emergência.
Alguns incas peruanos apareceram
e a tomaram por uma deusa qualquer
de seu intrincado sistema de crenças.

Não era esse o tipo
de salvação que ela esperava,
entretanto ser adulada,
cortejada e presenciar
holocaustos em sua homenagem
era melhor do que ser costureira escrava em Taiwan,
trabalhar em telemarketing
ou ter um punhado de contas atrasadas.

Escrito, produzido e dirigido porLeandróide às 9:07:00 PM 0 comentários  

Loser Manos

Los Hermanos anunciam "recesso"

Por essa ninguém esperava, o que impedirá novos posts como esse. Lastimável, ainda hoje vi na comunidade Los Hermanos Floripa a raça chutando datas para o show nesse ano.

http://musica.uol.com.br/ultnot/2007/04/24/ult89u7595.jhtm

Escrito, produzido e dirigido porLeandróide às 8:57:00 PM 1 comentários  

e-cologista

Sempre ouvi aquele velho provérbio, a origem não sei bem qual é e nem sei se chega a ser um provérbio, que é nome de seção aqui no blog e diz: plantar uma árvore, criar um filho e escrever um livro (não necessariamente nessa ordem).


O filho estou ensaiando, o livro quem sabe eu publique um com o melhor do que escrevi aqui. Agora no que tange à árvore finalmente consegui realizar. E nem precisei sujar as unhas de terra. A muda fica em Terra Rica, PR e o número dela é: 8407526, do lote 430. Quer fazer o mesmo e salvar o meio ambiente? Clique aqui.


Escrito, produzido e dirigido porLeandróide às 4:04:00 PM 0 comentários  

E eu ainda me preocupo com isso!!!!

Deu pro Inter. Que vergonha! Mal no Gauchão, péssimo na Libertadores. Tsc, tsc, tsc.

Escrito, produzido e dirigido porLeandróide às 9:23:00 PM 0 comentários  

Eu e a mulata que o Armani me arranjou

Nem bem tinha feito 21 anos e tinha comido tanta vadia que não dava para fazer as contas sem ajuda de uma lista telefônica. Não sei se era porque minha família era influente e rica, o que me fazia rico também, ou se bastavam apenas meu charme e atributos naturais.

Georgio Armani, grande amigo da família, entrou na cozinha com uma mulata magra, não muito bonita de rosto mas gostosa. De cabelo crespo quase à altura da nuca. Trazia consigo uma bunda que não era grande coisa e os peitos menos que regulares dentro de um biquíni de crochê. Mas ela tinha sido eleita Alguma Coisa do carnaval ou estava a ponto de ser.

Troço doido! O capo da moda, cafetão de mulata. Essa eu não sabia e imaginei como esse cargo ficaria no cartão de visita dele. Como meu avó antes do meu pai eu conhecia todo o mundo importante e influente. Esse era uma espécie de tributo que o estilista prestava a mim sem razão alguma, me presenteando com algumas horas de putaria com a mulata.

Ela não demonstrava grande inteligência ou se tinha, não havia sentido a menor vontade de demonstrar. Tirei a parte de baixo do biquíni dela antes da parte de cima. Ela não reclamou nem se tocou que poderíamos ir para um lugar com mais privacidade.

Ali no meio da cozinha não lhe pareceu pouco apropriado; para mim tampouco, só que existe um troço chamado moral e bons costumes que meus familiares prezam e que escaparam de dentro de minha mente pelo ouvido com o auxílio de uma corda.

Levei-a para o meu quarto e nem fechei direito a porta, mal encostei. Minha irmã entrou e me viu com a mulata pelada em cima da cama. Nem se importou muito com isso e saiu. Assim como eu, minha irmã deve ter perdido os seus bons costumes.

Agarrei a mulata, fiz ela ver e me chupar o pau que estava imenso e disse que queria meter em seguida. Ela não estava tão emocionada como eu desejava. Ela tinha consciência de que era um presente, um objeto. Ela era assim com todo mundo. Aqueci a negrinha falando tanto sujeira em seu ouvido que hoje ela ainda deve estar tirando coisas de lá de dentro.

Na verdade ela ainda não tinha sido eleita, ia concorrer mais tarde. Seu enfado se justificava pela demora no tempo passar. Antes de eu estocar, ela se revoltou e disse que demorei demais. A primeira vez que registro isso: uma mulher me chamando de lento. Logo eu que não acredito em preliminares e na necessidade de ser formalmente apresentado previamente a fornicação.

Vestiu aquele biquíni ridículo e minúsculo e um bandido barato, vestindo um terno caro, de uma quadrilha rival, entrou no meu quarto pela porta-janela de vidro e exigiu a mulata para ele. Peguei uma cadeira e desci com vontade no bastardo, como o bugio de 2001 com o osso na mão, e destruí seu nariz que já era medonho.

Georgio veio ver o que estava a acontecendo e ouviu ameaças de processo do bandido nocauteado dirigidos a ele e a mim. Que merda de mafioso era aquele! Ao invés de uma emboscada traiçoeira e perfeitamente tradicional, queria resolver esse assunto num tribunal.

A essas todas ela estava na praia sendo coroada, finalmente. Não agradeci o presente ao Armani que nem ligou para isso. É melhor o italiano caprichar no aniversário de meu pai. A expectativa é que ocorra outra putaria desenfreada melhor que a do ano passado com modelos internacionais chupadoras e às vezes lésbicas.

Escrito, produzido e dirigido porLeandróide às 3:51:00 PM 13 comentários  

Bonde das letras

A essa hora a polêmica envolvendo certos escritores selecionados a dedo, uma editora, renúncia fiscal e uma idéia genial já está caduca mas mesmo assim vou dar minha opinião.

Homônimo do filme de Wong Kar-Wai, o famoso projeto "Amores Expressos", vulgo Bonde das Letras, é uma idéia a princípio muito louvável: levar escritores novos ou seminovos para dar um rolê por várias cidades famosas do mundo que não sejam no Brasil e voltar para casa com um livro que a Cia das Letras publicará sobre amor. Que romântico!

Até aí tudo bem. Acontece que isso vai acontecer às expensas do seu, do meu, do nosso suado dinheirinho. E com um processo de escolha dos nomes mais contestado que a escalação do Valdir Peres para o gol da seleção de 82. Parece que foram escolhidos apenas 16 camaradas da patota do escritor João Paulo Cuenca, que nessa brincadeira vai para Tóquio, e do produtor Rodrigo Teixeira (O Cheiro do Ralo). Teve amigo que ficou de fora, o que não garante grandes coisas como critério de isenção.

Além da edição das obras o orçamento de 1, 2 milhão de reais, captados via renúncia fiscal (Lei Rounet), também serve para a produção de documentários sobre o périplo de cada autor atrás da inspiração em terras estrangeiras e conseqüentes compras de direito autoral de adaptação para cinema dos livros resultantes desse verdadeiro trem da alegria.

É muita grana! Quantos livros não poderiam ser adquiridos para as bibliotecas públicas com esse montante? Teixeira anunciou que teria dinheiro para tocar o bonde mesmo que não arrecade pela Rouanet. Nada mais justo, a lógica de mercado que deve prevalecer. Nunca entendi esse tipo de capitalismo assistido pelo governo que a gente tanto cansa de ver no nosso cinema, música, teatro, artesanato.

Escrito, produzido e dirigido porLeandróide às 4:34:00 PM 0 comentários