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Filmagens - Dia 1

Nem acreditei quando as seis da manhã o Hamilton (Sapo), o motorista da Kombi que faria o transporte dos integrantes da equipe que moravam no norte e leste da ilha, apareceu na frente de casa. Estava escuro demais ainda. E frio, põe frio nisso. Eu seria sempre o primeiro a ser apanhado e o último a ser deixado em casa pelos próximos dias.

Era assim a logística do filme, quem morava no centro e continente ia na outra Kombi. Em 2 horas chegamos no QG, a casa de uma tiazinha velha do Ribeirão. Todo dia será essa rotina. 2 horas pra ir e 2 pra voltar.

A manhã é sopa. Planos básico só para aquecer a equipe já que a tarde estava reservada para:

A grandiosa seqüência do desfile de Independência

Como não gosto de moleza, de quebra no primeiro dia já faço a grande cena do desfile de 7 de setembro: 11 câmeras, gruas em movimentos milimetricamente elaborados, centenas de figurantes, o aguardado retorno de um monstro sagrado da interpretação ou pelo menos é o que devem dizer seus parentes e as presenças confirmadas dos verdadeiros veteranos da 2a Guerra.

Todos em posição, começamos a rodar e cortávamos na hora com uma mesa de corte instalada na traseira de uma Quantum, que servia de suíte. Os verdadeiros veteranos de guerra também começaram a se impacientar com o demorado processo de filmagem, o constante ação-corta-de novo. Na cabeça deles filmar era fazer uma vez, repetir quando muito e valeu , o recibo do cachê é em nome de quem.

Um deles, que era presidente da Associção de Veteranos fez questão de mostrar seu descontentamento. Ele foi até o carro, apertou minha mão e disse que estava indo. Lá estava eu, um cara com quase 50 anos a menos de idade, dando ordem para um sujeito que tinha ido para a guerra como 3° Sargento voltar pra posição pra gente poder acabar logo.

Aprendi uma outra lição: jamais convidar os pais para serem figurantes. A gente economiza uns trocados mas o custo-benefício vai pro espaço quando sua mãe, com pena dos velhinhos e das crianças tremendo de frio, resolve te dar um puxão de orelha na frente da raça mais pegadora no pé da técnica.

No inverno e no sul da ilha, o sol baixava rápido e me deixou sem luz para continuar, matei o lado que exigia mais trabalho para refazer em outro dia e deixei o outro pra quando desse (sorte a minha que o cinema é a arte de enganar os outros). O cronograma era e não era apertado, parecia até folgado em certos dias mas era apenas impressão. Estavam previstos 6 dias para gravar tudo e 1 dia extra para qualquer eventualidade.

Com o tempo bom facilmente se cumpriria todas as atividades de cada diária. Adivinha se a semana ia ser assim?

Escrito, produzido e dirigido porLeandróide às 11:05:00 PM  

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